segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Capítulo 20.

Aos poucos fui me afastando de Jessey,ela precisava de um tempo sozinha,o mesmo tempo que ela havia me dado enquanto eu sofria desesperadamente pelo David.
Me fez bem,sei que faria bem a ela também,tomara.
Todo esse conflito e sofrimento me fez lembrar de coisas do meu passado,como o dia em que resolvemos fazer pizza na minha casa.
Chamei as garotas mais amigas e nos reunimos.Foi bastante divertido,mas passou,como tudo nessa nossa vida.
Uma das pessoas da qual eu jamais me esquecerei,será de Anastácia.
A gente era unha e carne,literalmente.
Nos fazia tão bem aquela amizade.Estávamos sempre juntas e nada nos separava.
Nada é tão tudo!
Uma simples coisa nos afastou,nos separou e nos fez simples colegas de final de tarde.
Final de tarde que se tornou,final de amizade.
Não por causa dela,e sim minha.
Fui esquecendo das amigas por causa de garotos,meus pais sempre me avisavam que seria inútil eu ficar ali me oferecendo daquele jeito e beijando todos que eu quisesse.
Mas sabe,a vontade era maior.
Eu era linda e tinha todos que queria,gostava de beijar,então para que parar?
Parar para que.
Não parei e sofri.
Perdi amigas e amigos e ganhei uma fama que não durou muito tempo,afinal eu me mandei antes que ela continuasse.
Mudar constantemente de endereço começou daí.
A primeira mudança foi de cidade e depois de estado.
Até virar modelo e chegar nos dias de hoje.
Abandonei tudo.Família,amigos,cidade,estado.
Depois minha família acabou se mudando para o mesmo estado que eu,mas isso demorou.
O tempo e a distância os decidiu mudar.
Creio que a saudade também,apesar de nunca terem admitido isso.
A Anastácia se afastou por causa de um beijo.
Acabei ficando com o namorado dela,coisa da qual sinto arrependimento até hoje.
Ela se afastou,tempos que não a vejo.
Acho mesmo que foi o destino,nesse mesmo dia de reflexão acabei esbarrando com uma ruiva cujo sorriso era impossível não perceber.
Anastácia.
De cara ela não me reconheceu,ou pelo menos fingiu não me ver,mas eu a reconheci.
Fiz uma cara de saudade e ela deu um belíssimo sorriso.
Não resiti e a abracei.
Ela disse baixinho:
-Senti saudades.
Não precisamos dizer mais nada.
Fomos tomar um café para jogar conversa fora e matar a saudade.
Não tocamos no assunto do passado,pelo menos nada sobre a traição nem muito menos o meu caráter passado.
Rimos bastante relembrando as coisas engraçadas que fazíamos e nos surpreendemos com o futuro,naquela hora presente,agora passado.
Foi emocionante saber que ela estava esperando gêmeos.
Um casal.
Também foi triste ouvir que seus pais haviam morrido.
Ficamos ali nesse papo durante a tarde toda.
Divertido,emocionante e triste.
Vontade de pedir desculpas por tudo e pedir pra ela nunca mais sumir daquele jeito.
O meu orgulho sempre foi maior que as vontades.
Fiquei na vontade mesmo.
Ela estava indo para São Paulo de novo,e eu ficaria por ali mesmo,esperando encontrar alguma velha nova lembrança do passado.
Em cada esquina podia haver uma surpresa tão boa quanto a daquele dia.

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